Rachel estava a frente do fogão da cozinha da casa de Louis, quando o mesmo adentrou-a, encontrando a garota pondo uma quantidade de pó marrom numa panela.

- Eu espero que isso seja chocolate – Louis brincou, assustando Rachel, enquanto abria o refrigerador e agarrava uma garrafa d’água, servindo-se num copo em seguida.

- Louis! – Rachel suspirou. – Você me assustou.

- Hm, coisa boa você não está fazendo – Louis observou, desconfiado.

- Que isso. – Rachel pôs uma mexa de seu cabelo atrás da orelha, nervosa. – Estou fazendo... brigadeiro.

- Com meus ingredientes! Brincadeira. Já ouvi falar nisso. É bom?

- É ótimo.

- Depois eu quero provar.

- Ahm, OK. – Rachel sorriu, nervosa. – Já acharam as meninas?

- Ainda não. Vou descansar um pouco. Eleanor vai vir aqui mais tarde. Se eu estiver dormindo, comporte-se como gente.

- Agora eu sou um cavalo – Rachel brincou.

Louis riu e se retirou.

A D

- É aqui? – Zayn perguntou a Harry, que encarava a casa numa expressão de dúvida.

- Não tenho tanta certeza.

Harry saiu do carro e caminhou em direção à casa a qual olhavam. Zayn imitou o amigo enquanto esse já apertava a campainha. Quando Zayn chegou a porta, Jody havia aberto a porta, exasperada.

- Entrem – ela disse.

- Esperem! – Carly gritou, saindo correndo do carro junto de sua irmã.

- Carly, não corre! – Eve advertiu.

- E essas? – Jody perguntou.

- Umas amigas – Harry respondeu ao adentrar a casa.

Todos do lado de fora adentraram a casa – sim, a rua era completamente vazia.

- Onde elas estão? – Zayn perguntou.

- Rana está num dos quartos, tomando banho, Jady deve estar pegando um ar, e Verginia está deitada, gemendo de dor.

- O que está acontecendo aqui? – Zayn indagou.

- Elas sofreram um acidente – Jody explicou. – Se vieram no mesmo caminho que elas, viram um carro capotado e queimado.

- Aquele era o carro delas? – Harry perguntou, franzindo o rosto.

- Sim, era.

- O estado delas é grave?

- Estou me sentindo uma Doutora. – Jody riu. – Jady parece estar bem, só um pouco transtornada; Verginia tem um pedaço enorme de vidro na coxa, e Rana... – Jody foi interrompida pelo grito de Verginia, que veio do carro.

Harry rapidamente correu até o quarto onde Verginia e Caroline estava. Carly o seguiu, fazendo Eve ir atrás, assim como Jody. Zayn estava em dúvida de algo, mas foi atrás.

Viram Verginia deitada na cama e Caroline com um alicate em mãos a tentar puxar o pedaço de vidro que se encontrava cravado na coxa da garota, que gemia de olhos fechados, cavando os lençóis com suas unhas.

- Nós temos que tirar isso! – Caroline dizia.

- Por que não a levaram a um Hospital? – Harry perguntou, exasperado.

- Ah, eu estou ouvindo coisas – Verginia grunhiu.

- O Hospital mais próximo fica há algumas horas daqui – Jody respondeu.

- Não sinto minha perna – Verginia resmungou.

- Não seja dramática – Caroline disse.

- Não estou! – Verginia levantou a cabeça, abrindo os olhos, e encarou ao seu redor. – Isso é um pesadelo. – Voltou a sua posição anterior.

- Você está bem? – Zayn perguntou.

- Estou ótima. – Verginia riu, nervosa. – Não puxa, porra! – ela gritou para Caroline.

- Mas está quase lá – Caroline insistiu. – Já, já vai sair tudo.

- Não, deixa assim – Eve disse. – Se tirar, é capaz de vazar o sangue pelo buraco que o vidro causou.

- Ginia! – Carly chamou, manhosa, correndo até a cama e abraçando Verginia.

- Oi, pequena. – Verginia retribuiu o abraço, desajeitada.

- Eu vou ver como Rana está. – Zayn retirou-se.

- Ah, ótimo – Eve resmungou. – Vamos ter que adiar a data de volta. Culpa sua, Carly.

- Dia de volta? – Verginia perguntou.

- Não moramos em Londres – Eve explicou. – Carly apenas queria conhecer a cidade, então eu a trouxe por um tempinho. Mas só que esse tempinho acabou. – Ela elevou o tom de voz, esbugalhando os olhos para Carly, que abaixou a cabeça.

- Eu quero ficar – Carly choramingou em tom baixo.

- Harry, vai caber sete pessoas naquele carro? – Caroline perguntou, levantando-se do chão, onde estava de joelhos.

- Creio que não – ele respondeu.

- Vamos resolver isso – Jody disse, levando Harry para fora do quarto, seguidos por Caroline.

- Carly, comporte-se aqui! – Eve ordenou. – Eu já volto – disse antes de se retirar, fechando a porta.

- Então, fofa, como chegou aqui? – Verginia perguntou. Sua voz esganiçada.

- Hally nos viu na rua e disse sobre você. Eu queria te ver.

Verginia deu um sorriso fraco e apertou Carly num abraço. Carly deitou na cama, apertando Verginia mais.

- Abusada. – Verginia riu.

- Ginia, não deixa mana me levar de volta para Dona Miranda – Carly pediu, manhosa.

- Quem é essa Miranda que vocês tanto falam?

- Ela cuida de mim.

- É a sua babá.

- Quase isso.

- Tá, mas...

- Isso são cortes? – Carly apontou para a barriga de Verginia, que seguiu seu dedinho.

Verginia encarou a própria barriga e viu que sua blusa havia levantado desde deitada. Podia ver umas marcas de cortes aparecendo por ali. Uma cor rosa aglomerou-se por sua bochecha; Verginia podia sentir a mesma queimar. Estava visivelmente envergonhada. E se outras pessoas além de Carly tivesse visto aquilo? Bem, se vissem, logicamente perguntariam sobre.

- São, são cortes – Verginia murmurou.

- Você se corta? Mana disse que isso é ruim. Ela já fez isso, mas já parou. Disse para eu nunca fazer também, nem nas piores situações.

- Siga o conselho de sua irmã. – Verginia sorriu.

- Mas por que fez isso?

- Eu precisei. Sabe os piores momentos? Estou num deles. – A voz de Verginia soava tão rouca e baixa. Uma lágrima escorreu de seu olho. – Eu descobri que nunca vou poder criar minha própria família.

Carly chicoteou a lágrima solitária de Verginia com o polegar, e Verginia sorriu, agradecida.

- Mas você tem uma família – Carly disse.

- Mas queria criar a minha própria. Eu não posso ter filhos, Carly. Você não deve entender, na sua idade.

- Eu entendo sim. Eu não tenho família. – Carly praticamente sussurrava.

Verginia ficara estática com aquela frase.

- C-como?

- Eu sou órfã – Carly disse num tom de voz normal.

Verginia encarou a porta, nervosa – pois antes mesmo de Carly respondeu, ouvira-a ser aberta. A frente da porta havia o garoto dos cachos, que encarava as duas. Sua expressão era petrificada. Ele estava incrédulo com o que acabara de ouvir.

- Você é o quê? – ele perguntou.

A D

A única coisa que Zayn ouvia naquele quarto era o som que podia ouvir sair do banheiro. O chuveiro. Rana estava a tomar banho, mas Zayn logo percebeu quando ela desligou-o.

Um tempo após o chuveiro ser desligado, a porta do banheiro se abre, dando vista a uma Rana sorridente, com uma toalha enrolada em seu corpo, mas que logo solta um grito de susto ao ver que tinha um rapaz no quarto.

- Tarado! – Rana gritou.

- O quê? – Zayn perguntou, confuso.

Rana começou a estapear as costas de Zayn, que reclamava.

- Tá maluca, garota?

- Você quem invade o quarto e eu quem sou a maluca? Sai daqui, seu tarado!

- Ei, o que houve? – Zayn percebeu que a garota parecia ser séria. – Está brava comigo? Foi algo que eu fiz?

- Eu nem te conheço, garoto. Sai daqui. – Rana gesticulou para a porta.

- Espera... – Zayn aproximou-se de Rana e segurou seus maxilares, fazendo-a ficar ereta e esbugalhar os olhos com a aproximação perigosa de seus rostos. Ela não pode deixar de encarar aqueles lábios, que pareciam tão convidativos à primeira vista. – Talvez com isso você se lembre de mim – ele continuou num tom sarcástico e logo selou ambos os lábios.

Rana foi a única a deixar seus olhos abertos, esbugalhando-os mais impossível enquanto inclinava-se para trás, mas Zayn a acompanhava. Quando ele pediu permissão para aprofundar o beijo, Rana negou dando um belo tapa em seu rosto, fazendo o mesmo virar com tudo.

- Que porra é essa, Rana? – Zayn tocou o rosto.

- Como sabe o meu nome? Ai, meu Deus. Você é da CIA. Um tarado da CIA!

- Não, sou o Zayn. Zayn Malik.

- Olha aqui, Zayn Malik, é melhor você sair desse quarto agora, ou eu não respondo por meus atos.

- Eu quem não vou responder pelos meus, se continuar aqui. Olha seu estado. – Zayn a examinou da cabeça aos pés, fazendo-a soltar uma exclamação de indignação pela garganta.

Quando Rana levantou a mão para dar outra tapa em Zayn, ele segurou seu pulso.

- Tudo bem, eu saio – Zayn cedeu, largando a mão de Rana. – Só não demora. Seus pais estão preocupados.

Zayn saiu, deixando Rana confusa ali.

A D

- Repete para mim, Carly – Harry insistia.

- Não, eu não vou repetir – Carly discutiu.

- Harry, deixa ela – Verginia disse.

- Você é órfã! Mas por que eu estou tão preocupado assim? Não! É que você não me contou.

- E por que eu contaria? – Carly pôs as mãos na cintura.

- P-porque sim. Porque viramos amigos. Amigos contam segredos uns aos outros.

- Isso não é um segredo.

- Dane-se!

- Harry! – Verginia repreendeu-o.

- O que está acontecendo aqui, Carly? – Eve surgiu, caminhando até a irmã e pegando-a ao colo.

- Você! – Harry acusou. – Você não quis que sua irmã dissesse que são órfãs.

- Carly, você contou? – Eve perguntou para a menina.

- Contei à Ginia, e não sabia que não podia – Carly disse.

- Vamos embora. – Eve saiu do quarto com Carly.

Harry seguiu-as.

- Espera! Você não pode ir.

- E quem me impede? – Eve virou-se, ficando frente a frente com ele.

- Eu! – Harry aproximou seu rosto do dela, deixando-os numa distância.

Eve oscilou seu olhar entre os lábios e olhos de Harry, enquanto ele apenas a desafiava com o seu.

Ela bufou.

- OK, talvez eu precise de uma carona – Eve disse, vencida.

- Ótimo. Me espera no meu carro – Harry disse.

- Não, eu vou com a Caroline – Eve discutiu.

- Nada disso. Você vai comigo. Se eu sair dessa casa e não encontrar você e Carly no meu carro, mocinha...

- Está bem, está bem! – Eve deu as costas e foi.

A D

Louis assobiava enquanto entrava na cozinha. Avistou um prato em cima da bancada repleto de docinhos marrons redondos.

Os brigadeiros!

Ele caminhou até a bancada e provou um deles. Soltou um gemido de prazer e aprovação ao sentir o gosto. Continuou devorando mais alguns dos brigadeiros, até ser interrompido de seu momento pela campainha que soara.

Ele foi correndo até a porta e a abriu, revelando sua namorada sorridente.

- Oi, meu amor – Louis disse de boca cheia, provocando uma risada em Eleanor. – Entra. – Eleanor obedeceu ao pedido de Louis. – Hm, você tem que provar esse doce, é uma delícia.

- Ah, mas deve ser mesmo. – Eleanor não tirava um sorriso do rosto. – Você até agora não me cumprimentou direito. Cadê o meu beijo?

- Desculpa.

Louis bicou os lábios da namorada num selinho completamente rápido e pôs-se a pés até a cozinha.

- Vem, prova isso – Louis disse.

- O que é? – Eleanor aproximou-se.

- Algo como “bricádêro”. Eu não sei falar. Prova.

- OK.

Eleanor pegou um dos doces e aproximou da boca, sem hesitar, mas antes mesmo do doce adentrar sua boca, sua mão foi estapeada por outra, fazendo o doce ir parar longe. Eleanor ficou assustada.

- O que você pensa que está fazendo? – Era Rachel, e ela parecia irada.

- Comendo o doce – Eleanor respondeu, inocente.

- Ou quase comendo – Louis disse.

- Você é idiota? – Rachel perguntou, seca.

Eleanor arqueou as sobrancelhas.

- Esses doces são meus – ela continuou discutindo.

- Ray, o que eu disse em agir como gente?

- “Ray”? – Eleanor encarou o namorado, desdenhosa. – Como assim “Ray”, Sr. Tomlinson? – Ela cruzou os braços.

- Eu sou amiga dele, oh, anta – Rachel disse. – Esses doces são meus! Não cheguem perto.

Rachel caminhou até o refrigerador e remexeu-o no interior.

- Ela é pior que o Niall – Eleanor disse.

- Não é não – Louis discordou.

- Aqui. – Rachel voltou até eles com outro prato, também com os doces. – Esses são de vocês. Huh! Não posso nem tomar um banho em paz e já vem gente colocando a mão onde não deve.

Louis tentou reprimir um riso, mas ele acabou saindo pelo nariz.

- Olha a mente suja! – Eleanor repreendeu, mas ela também queria rir.

Rachel ignorou os dois e encarou seu prato, franzindo o cenho.

- Louis, você comeu aqui?

- Ahm, não, Ray – Louis mentiu, nervoso, mas também divertido.

- Está falando a verdade?

- Sim, sim. – Louis assentiu freneticamente.

- OK. – Rachel deu de ombros.

Louis e Eleanor comeram os doces do prato que Rachel os havia dado. O mesmo que aconteceu com Louis antes aconteceu com Eleanor, mas desta vez Louis fez uma expressão pensativa, ganhando um olhar confuso de Rachel.

- Há algo errado aí, Lou?

- Sim, tem. – Louis balançou a cabeça. – Ahm, quero dizer, não. Está tudo certo. Eu estava pensando.

Rachel assentiu.

- Hm, isso é uma delícia – Eleanor elogiou. – Dá vontade de mostrar ao mundo. Hmm! – Ela mordiscou o doce novamente.

A D

Rana bufou pela décima vez, dentro daquele carro. Zayn já estava transtornado.

Depois Zayn de tanto insistir e comprovar de que não era um tarado ou um agente da CIA, Rana aceitou, com dificuldades, ir embora com ele. Jady se encontrava no banco de trás, mas nem parecia que ela estava ali. Podia-se dizer que ela estava dormindo, mas isso não é verdade.

- Dá pra parar de bufar a cada um minuto? – Zayn reclamou.

- Dá pra parar de ser chato? Não dá, não é mesmo? Então eu não paro de bufar.

- Ah, é. Até mesmo porque você é um búfalo.

Rana soltou sua famosa exclamação pela garganta, quando ela se sente ofendida.

- Você me chamou de búfalo?

- Está surda, docinho?

- Não me chama de docinho, você não tem o direito.

- E você tem o direito de me chamar de tarado.

- Eu só falei a verdade! – Rana defendeu-se.

- E você se acha a ofendida.

- Eu sou a ofendida. Você me chamou de búfalo. Isso eu não aceito.

- Fica assim não, bonitinha.

- Para com esses nomes. Eu nem te conheço, cara.

- Ei, dá pra parar de teatro. Me lembro de você ser cantora, mas atriz...

- Acha que estou fazendo teatro? – Rana perguntou, zombando.

- Acho!

- Então vamos atuar aqui. Quero ver você atuar de ficar quieto até me deixar na minha casa. E depois disso, nunca mais aparecer na minha.

- Vivemos num mundo pequeno... gracinha.

- Eu vou te matar. – Rana socou o braço de Zayn.

- Olha! – Zayn advertiu. – Não vamos querer um outro acidente, vamos? Você tem sorte que a mídia não está sabendo, acho eu. Senão não largaria teu pé.

- Ah, cala a boca. – Rana cruzou os braços.

- Mas é uma coisa mesmo, hein! – Zayn resmungou.

A D

- Tudo resolvido. – Harry adentrou o quarto onde Verginia estava, ganhando sua atenção. – Zayn já levou Rana e sua prima para casa, seus pais já estão avisados... Agora precisamos ir. Vou te levar direto ao Hospital.

- Eu não quero sua ajuda – Verginia discutiu, sentando-se na cama com dificuldade, com as pernas para fora.

- Não discuta, garota. Você não tem escolha se não ir comigo ao Hospital.

Harry aproximou-se de Verginia, agachou-se e pegou os poplíteos dela, mas não a levantou. Decidiu encarar o rosto dela.

- Você já fez tanta coisa por mim – Verginia murmurou. –Tantas ruins e tantas boas. Eu não quero e nem preciso da sua ajuda.

- Você ao menos sente a sua perna? – ele perguntou, veemente.

- Um pouco.

Harry encarou a coxa dela.

- Sente se eu fizer isso?

Ele deu um peteleco em sua coxa, com o máximo de força que tinha, mas ela sequer resmungara.

- Você é fraco – Verginia presumiu.

- Você vai comigo.

Verginia bufou enquanto Harry segurava seus poplíteos novamente com uma mão, e com a outra a segurava pela coluna. Ela entrelaçou seus braços no pescoço dele e ele a pegou ao colo e foi andando lentamente para fora da casa, como se não estivesse carregando alguém.

- Não consigo olhar para isso – Harry murmurou. Ele tinha seu olhar fixado a sua frente. – Está feio.

- Está doendo – Verginia acrescentou.

- Posso falar uma coisa? Sinceramente? – Harry encarou os olhos de Verginia profundamente, assim como ela fazia com os dele. Ela assentiu. – Você está fedendo.

- Ah, obrigada – Verginia agradeceu sarcasticamente. – Amo sua sinceridade.

- É bom amar mesmo. Sabe que eu sou muito sincero.

- Cala a boca.

Harry riu.